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]||[]|[ Projeto .. . .( Telepatia ). . . .. ]|[ ]|[


Sinopse: Grupos de ativistas libertários espalhados pelo planeta começam a desenvolver capacidades telepáticas. Sem dependerem de máquinas industriais e nem de energia elétrica para se comunicarem, eles começam a realizar atos orquestrados de terrorismo poético com o objetivo de desestabilizar a ordem hipnótica da nossa sociedade de zumbis.
Os telepatas iniciam uma outra sociedade paralela e secreta que se estende por todo o planeta: aonde isso vai parar?

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Este é um projeto lítero-audio-visual que esta lentamente produzindo um longa-metragem nao-linear experimental....
O filme fala sobre grupos de ativistas libertarios que começam a desenvolver capacidades telepaticas.....
Créditos...........: .....................
(((.............Na Praia..............))).......
.............Performers: Cheli Urban , Filipe Espindola, Monica Rizzolli, Erik Thurm, Beatriz Antunes, Fe Giulietti, Juan Silva, Julio Matos, Guilherme Fogagnoli, Fabiane Borges, Samira Br, Rogerio Borovik, Yara Zanvetor, Bruna Guedes, Andrea Molfetta, Lorenzo, Gi Freyberger, Cassia Kalenah........................
.............Citacoes: Trechos do filme "O Golem" de Murnau, Trechos de textos de William Burroughs, Clarice Lispector ...
...............Samplers de Quanta Ladeira/Recife, Coco Raizes do Arcoverde...........
.........Trecho de show de Mestre Salustiano.............................. .........Camera/Direcao/Edicao: Daniel Seda................

(((.............Epidemia..............)))
............Desenhos de................
................Onesto, Valeria Landeros, Cheli Urban, Paulo Ito, Cesar Castro-Rosa.............
.................Agradecimentos: Rogerio Borovik, Samira Br, Jose Luiz Sampaio.............. .............Roteiro/Direcao/Edicao/Som: Daniel Seda...................

(((............Parte 1..........))): ................Performers: Rogerio Borovik, Samira Br, Daniel Seda, Fabiane Borges........... ...........Produção de Arte: Cheli Urban................ ............Camera: Jose Luiz Sampaio ......................... ..................Roteiro/Direcao/Edicao/Som: Daniel Seda........................


Blogs, Flogs e Vlogs pessoais de alguns participantes do Telepatia:
Daniel Seda | José Luiz Sampaio | Erik Thurm | Pauo Ito |
Rogério Borovik | Filipe Espíndola Bruna Guedes| brocolis vhs, aka mariana meloni e leandro

Telepatia - Personagens telep?ticos em busca de um roteiro

Personagens telepA?ticos em busca de um roteiro

20050428

 
o vazio atrai formas







...

20050112

 
Há algumas semanas um amigo meu viajou para uma comunidade na Irlanda, uma Ecovila. Ele me enviou um texto descrevendo como aquela ecovila pretende, entre outras coisas, dizer para a mãe Gaia que apesar de muitas e muitas evidências em contrário os seres-humanos não somos ou não precisamos ser parasitas da Natureza, como viemos predominantemente sendo até agora.
Agora eu descobri isto:
http://www.auroville.org
É mais ou menos isto que os meus personagens telepatas estão fazendo: contruindo novas formas de sobrevivência em comunidade, preservando as suas individualidades mas vivendo em comunhão e mantendo o respeito fundamental à natureza que tudo nos dá. Desenvolvendo as tecnologias necessárias ao ser humano mas tecnologias que funcionem a partir da natureza e não contra ela.
Definitivamente a cidade como foi forjada pelo capitalismo parasita e opressor não funciona, não deu certo. Envenena os rios, o ar, as pessoas.
É tempo de começar a plantar as novas cidades humanas.

 
Depois de ser rejeitado pelo CineEsquemaNovo 2004, rejeitado pelo Festival de Curtas de SP, rejeitado pelo Festival de Curtas do Rio, rejeitado pelo Resfest 2004,
a parte 2 do Telepatia, intitulada Na Praia, foi finalmente exibida no final do ano pela Mostra do Auiovisual Paulista e agora, acabei de saber,
vai ser exibida na Mostra do Filme Livre 2005, no Rio.
Ainda nao sei a data, mas quando souber jogo aqui.
:)))

20041118

 
Mais uma da série "O mundo onírico invade a imaginação":

Sonhei com um desenho traçado apenas com linhas, era uma forma humana, algo parecido com um esqueleto só que bastante estilizado, um desenho bonito. Acordei de repente e a imagem permaneceu flutuando no ar, no meio do meu quarto. Muito real! Foi flutuando até a parede onde colou e lentamente foi se desfazendo. Permaneci acordado durante um tempo ainda, tentando me convencer de que não estava sonhando. E não estava mesmo. Demorei até um tempo pra dormir de novo.
Parece que uma porta está se abrindo na minha consciência. Uma porta entre a realidade e a imaginação.

20041107

 
Panda e seus sonhos premonitórios:
Sonhei que levava dois tiros, um em cada braço. Meus braços ficavam doloridos, um bem mais que o outro. Alguns dias depois tive que me vacinar inesperadamente por motivo de viagem. Duas injeções: uma em cada braço. Em um dos braços a dor demorou vários dias pra passar.

Sonhei com um besouro antes de viajar. Na cidade pra onde fui houve uma súbita infestação de besouros.

E esses pensamentos que eu não paro de ouvir, tão exóticos e reais que fico admirada com a imaginação do meu inconsciente. É como se não fosse eu. Parece que meu inconsciente abriu um baú de memórias alheias.

20041019

 
no entanto algumas pessoas se sentem bem quando são submetidas e dominadas, isso é uma verdade!
a liberdade de ter que decidir pode ser um peso imenso; um peso que muitas pessoas creêm não ter força para carregarem...
pois a liberdade pressupõe maturidade para tomar s decisões e aguentar as consequências.
e quando há um líder incontestável a vida fica muito mais fácil!

20040927

 
se eu pudesse me sentar em silêncio e admirar o vazio eu poderia
então voltar a respirar no ritmo da vida e poderia então achar de novo
o meu próprio tempo.

mas a minha respiração se dá no ritmo das chicotadas inflingidas
pelo tempo que os outros me obrigam a viver.
os outros que também vivem em um ritmo imposto por outros que
vivem num ritmo imposto por outros e assim até chegar até em quem
deu a primeira chicotada: alguém que já morreu faz muito e muito
tempo e ninguém notou, pois os primeiros escravos começaram a
pensar que podiam ser mestres e assim foi escrita toda a História.

mas eu posso sair dessa roda: pois ela me mantém preso através
dos desejos, que são muitos, e não das necessidades, que são
poucas e suficientes.

eu vejo a porta aberta, e já sinto o vento no corpo.
só me falta a coragem.


20040920

 
Eu tive um sonho lúcido muito lúcido ontem...mas no momento em que eu ganhei a consciência que eu estava sonhando eu levei um choque e fui expulso do sonho! Então eu fiquei alguns segundos em um limbo, acordado mas sem controle do meu corpo e com a última imagem do sonho flutuando na minha frente.
Depois acordei.

Eu quero ter um sonho lúcido pra testar minha teoria de que é possível se comunicar através dos sonhos.



20040915

 
Na entrada da fazenda estavam escritas a regras do lugar distribuidas em várias plaquinhas ao longo do caminho:

. o outro e você, embora diferentes, são o mesmo .

20040910

 
Hoje cochilei na minha cama, de tarde. Acordei já de noitinha e antes de acordar ainda dentro do sonho olhei para o quarto e vi uma forma circular flutuando no centro do quarto. Depois acordei de verdade e continuei vendo essa forma: era uma aranha, uma forma radial com filamentos negros que saiam do centro para todos os lados formando uma esfera. Eu nitidamente acordei e vi essa aranha flutuando no centro do meu quarto, o mesmo lugar onde vi os morcegos luminosos na outra noite. Cheguei a ficar com um pouco de medo pois seja lá o que fosse, não era muito amistoso. Mas voltei a dormir logo em seguida.
Depois acordei e me lembrei nitidamente do que aconteceu.
Um portal se abriu e uma imagem onírica invadiu a vigília?
Ou eu realmente acordei e tive acesso a outra realidade energética?
Ou eu tive um sonho muito lúcido e não cheguei a acordar? Mas eu nunca tive um sonho lúcido!

20040907

 
Outro dia tive um sonho bastante real com morcegos luminosos que voavam dentro do meu quarto. Ficavam parados batendo as asas de modo ameacador enquanto eu estava deitado na cama, meio sem acreditar direito naquela aparicao.
Alguns dias antes, minha namorada sonhou que arrancava um bicho que estava grudado na sua garganta. Depois disso, sua dor de garganta sarou.
Hoje por duas cai no sono enquanto via Tv. Senti, vi e ouvi pequenas moscas negras que voavam ao redor da minha cabeca. Isto durava alguns mili segundos e era muito real.
.
.
.
Estou cada vez mais convicto de que existem outras realidades energeticas, paralelas, sobrepostas a esta realidade que conseguimos perceber.
Ha toda uma outra ecologia energetica que nos influencia sem que percebamos.

20040904

 
Eu dormi e sonhei. Tive um sonho lúcido durante toda a noite. E uma nova porta se abriu na minha percepção. Pois eu percebi que conseguia me comunicar com as pessoas através do sonho...
Meu computador agora é minha mente!

20040811

 
-É claro que eu prefiro com anestesia! , disse ele antes de dar mais um trago.

20040803

 
Ou você prefere com anestesia? , me disse o entusiasta do viver.

 
Meu sonho seria que a música parasse de repente e no lugar dela ouvíssemos todos os pensamentos.

Lolita Pille, Hell

...esse livro vale apenas e tão somente pelo último capítulo...poupe seu tempo, leia só ele e o livro inteiro está lá.

20040731

 
quer alcançar a felicidade?
aprenda a sofrer sem rejeitar a dor.

20040727

 
mas esse povo é mesmo viciado em tecnologia, a espécie humana é uma das mais recentes, nós usamos pouquíssimo da capacidade do nosso cérebro e nego vem tentar me convencer que "o corpo está obsoleto", ora vão se catar!
aprenda a usar primeiro!
ao invés de ficarem inventando maquininhas computadorizadas pra se comunicar à distância (sempre através do dinheiro, claro), podiam investir em pesquisa sobre as possiblidades telepáticas de comunicação...
mas daí não vai rolar grana e ninguém vai ganhar com isso, é claro.

20040724

 
A liberdade é sempre algo potencial.
Para que as coisas aconteçam é preciso trocá-la pelo compromisso.

20040710

 
não me lembro quem eu era quando tinha 16, 17 anos. lembro que algumas pessoas gostavam de mim, andávamos sempre juntos. mas não lembro exatamente porque. porque seria?

20040709

 
Então, o grupo Cordel do Fogo Encantado prega muito, tanto na sua criação, quanto na execução das músicas, a liberdade dos indivíduos. É uma liberdade real para se atingir um determinado objetivo. O que seria essa liberdade?

tirado de: www.gafieiras.com.br

20040705

 
PARE DE CULTIVAR ESSA RAIVA ESTÚPIDA ,
CARALHO!!!!!

20040704

 
Os novos donos lançaram a Rede, e um a um todos foram caindo, todos foram fisgados pelas novas possibilidades de encontros.
E passaram a alimentar a Rede de informações, fornecendo seus hábitos e seus contatos e, o mais precioso: seu Tempo.

20040702

 
Ele era uma pessoa magnética. Tinha a capacidade de atrair e envolver as pessoas, sem que elas soubessem por que. Era simples assim: elas aproximavam-se e passavam e orbitar em torno dele, e ele não sabia bem o que fazer, pois era um tanto tímido.
Até que resolveu o problema: abriu um bar e pronto.
Assim as pessoas ficavam por perto, se embebedando e fazendo festa e ele fazia o que mais gostava: observar os outros sem ser incomodado.

20040629

 
fiz uma letra de música deprê baseado em experiências recentes de pessoas próximas.

vai virar uma salsa dançante do ZaratrutA!

aqui vai:


quem tanto sofre
quem já sofreu
nada deu certo
você perdeu

a sua raiva é só tristeza
no vazio também há beleza

20040627

 
o que há em mim é sobretudo cansaço.

estou cansado de problemas que não se resolvem
estou cansado de pessoas egoístas, que não conseguem enxergar o mundo em volta
estou cansado de tanto trabalhar pra pagar contas e ficar sem nada no final
estou cansado de não conseguir terminar este filme
estou cansado da estupidez da humanidade que está indo pro ralo e não consegue interromper o processo porque apesar das previsões mais pessimistas NÃO HÁ NINGUÉM NO COMANDO, NEM MESMO UM GÊNIO DO MAL, NÃO HÁ UM PLANO, e a máquina roda em falso
porque
a mentira comanda e o dinheiro manda



....no entanto, ainda bem, existem os amigos de verdade....

eu precisava chorar um bocado mas eu não consigo.

20040614

 
penso que talvez o Universo seja um grande espaço morto
e nós sejamos uma semente de vida deixada por aqui por alguma vida um pouco mais antiga que nós, com a esperança de que nós possamos nos desenvolver a ponto de fazer o mesmo, até que o Universo inteiro esteja povoado.

bom, se for isso não deu certo.
porque, ao que tudo indica, o ser-humano caminha pra auto-destruição...

já sei! esse é o plano! destruir o planeta e ao fragmentar a Terra em milhares de asteróides depois de várias explosões atômicas, fragmentos de vida se espalharão pelo espaço semeando a vida pelo Cosmos...

ou talvez o Universo seja um todo harmônico em sua aridez e a vida seja uma praga que incomoda a imensa calma cósmica.


20040611

 
transformar a raiva em energia criativa ou viver a raiva em sua potência de destruição?

20040514

 
dominar é fácil,
o difícil é conviver.

20040504

 
porque o salto no abismo só é possível quando há um rio passando lá embaixo.
mas não se via nada embaixo dos pés. os olhos estavam todos nublados pela quantidade de imagens por todos os lados.

 
por isso pensou que talvez a saída estivesse no som, na música, pois ela não é imagem e também não é, não precisa ser, racional.
e pode levar as pessoas à ação de modo instantâneo.

 
sentou no banco de madeira, na calcada da avenida movimentada e ficou percebendo os ultimos pensamentos da pessoa que estava sentada ali alguns momentos antes: dominando tudo uma atmosfera de preocupacao com grana.
e esse era o sentimento que ele mais estava notando ser recorrente nas pessoas ao redor.
parecia um ambiente propicio para grandes mudancas, mas faltava um detonador para fazer explodir a energia que estava no ar.

20040428

 
É tão angustiante ajudar seu próximo a crescer? O egoísmo é a própria ruína do homem.


tirado aqui:
http://contosdacamaleoa.weblogger.terra.com.br/

20040425

 
os deuses sopram no seu ouvido uma tarefa tentadora e impossível, e ficam se divertindo e assistindo você tentar realizar.

20040415

 
ah é, claro: venderam minha alma, mas eu ainda não sabia disso...

 
ora bolas, o que eu tenho a ver com a porra do banco jp morgan? , disse o observador incauto ao ler os jornais de sempre.

20040414

 
acabou a raiva.
deixada livre, ela se consumiu e se foi.
se fosse contida, ficaria forte e inundaria tudo com suas vontades.

...uma raiva represada acaba destruindo a represa...


20040407

 
estava quase dormindo quando ouvi meu nome, alto. levantei assustado e ao passar pelo espelho meu reflexo disparou: e ai, vai deixar assim, essa traição?
(a sede de vingança agora quer torcer o mundo sobre si mesmo para poder sorrir satisfeita)

20040406

 
ja o Nnomade, e todos sempre ficavam surpresos com isso, aceitava a dor.

 
ele disse, ja sentindo seu corpo de novo doer:
o efeito ja esta passando, mais anestesia por favor!
e para a dor da alma, aqueles velhos anestesicos milenares .... sempre proscritos, sempre presentes.

20040324

 
mas e se, chegando lá descobrisse que não há o vazio e que o único vazio é a morte? ou que o vazio só leva a si mesmo?

o vazio vazio mesmo não morava longe, morava dentro. dentro das coisas em movimento, barulhentas, morava o vazio silencioso e a paz para observar a guerra

 
ah é, ficar sozinho pra poder ouvir o vazio em paz.

 
a recusa da linguagem era o suicídio social, tinha consciência disso. a linguagem é a área comum, o pátio, a praça, a rua onde se encontram as pessoas. e ele iria se retirar de tudo isso, e para que mesmo?

 
queria tanto acordar um dia e ser outra pessoa!
mas isso nunca acontecia, porque o dia era sempre agora.

20040323

 
tudo meio estranho ainda. o mundo virando realidade de novo.

20040309

 
Enquanto tirava a maquiagem relaxando ao final do dia, Panda via o mar, ouvia as baleias, sentia tartarugas nadando com fome, flutuava nas ondas atravessando mentes incompreensíveis. E também recebia em outra frequência transmissões de tv e ouvia distantes pensamentos humanos.
Mas pra ela era tudo apenas um grande e divertido delírio.

20040306

 
Agora vou viajar e ja volto.

20040229

 
Pesquisas recentes indicam que o medo de desenvolver câncer aumenta os riscos do aparecimento da doença entre jovens e adultos.
Os cientistas também revelaram que a ignorância sobre o risco da doença também aumenta os riscos do desenvolvimento de tumores em 74%.


20040227

 
(esse filme vai ser diferente do que eu queria...a falta de recursos vai me apontar caminhos mais criativos e, quiçá, mais simples e impactantes)

( e antes que eu me esqueça, f*se os donos do dinheiro! )

 
No entanto sabia que aquilo era tudo real, existia de fato em sua percepção, ainda que só nela.
E se aquilo tudo não existia ainda,
bem que poderia vir a existir algum dia.

 
A srta Xelan , conhecida como Panda, tem visões, ouve coisas, vê pessoas que não estão alí. Ela nunca, em momento algum, conseguiu obter uma prova de que não estava louca. Viveu até o fim achando que alucinava, que todo aquele mundo de pessoas e situações que via em seus delírios era uma criação sua. E não havia ninguém pra contradizê-la. Vivia uma solidão absoluta oriunda da percepção ampliada. Pois só o poder de emitir algo salva os seres da solidão. E esse poder lhe foi negado.

20040218

 
não ganhei a bolsa que eu precisava pra fazer o Telepatia.
a fundação Vitae não gosta de nomes novos, só dá bolsas para as mesmas pessoas de sempre.
fica aqui registrado o meu (inútil) protesto.

 
no centro, o silêncio.
no primeiro círculo em volta várias camadas de informação.
no segundo círculo em volta, as primeiras máscaras formadas pelo cruzamento das informações.
no terceiro círculo em volta, uma área em comum com os outros.
no quarto cículo em volta, começam a aparecer as máscaras dos outros.

(((
que necessidade é essa de reduzir tudo a imagens, a palavras?
será tudo em função da portabilidade? das trocas?
)))

20040213

 
como assim? (perguntou a ignorancia perplexa ao se deparar com a experiencia da novidade)

 
andando na rua, multidao.
virou uma esquina e foi parar em um beco silencioso apesar do caos urbano em torno.
la no fim da ruazinha veio vindo um homem andando devagar, que ao ve~lo sorriu um sorriso iluminado, puro, repleto de vida.
reconheceu~o e sua reacao foi imediata: matou~o.
era o Buda.

20040210

 
o caminho do ódio: ficar colecionando desafetos, acariciar a lembrança do inimigo, guardar todas as coisas ruins que os outros te dão e esperar com prazer e angústia pelo dia de devolver com juros.

20040209

 
- poder é de direita, prazer é de esquerda....., será?
- não, né. poder também tem prazer...

20040208

 
uma dessas saídas das caixinhas do pensamento levava a outra pessoa, alguém que havia sido sempre desprezado apesar de todo o seu esforço em ser aceito: MM. Ele não sabia ser de outro jeito, estabelecia uma relação e logo encontrava uma forma de enaltecer o outro, exaltar suas recém-conhecidas qualidades para ser alguém para essa pessoa também. Um bajulador, porém um autêntico bajulador. A questão para ele era: como sobreviver no imaginário do outro, como ser querido? Como permanecer como referência para o outro? Como ser lembrado?

20040205

 
ou então o pensamento seriam pequenas caixinhas móveis com aberturas em todos os lados, caixinhas feitas só de arestas cujos lados, em contato com outras caixinhas abertas formariam este ou aquele sentido.
ou estrelas feitas de tubos se cruzando no meio....cada tubo levando a um pensamento vizinho.
ora bolas, voltamos ao neurônio : )
nada de estátuas, monumentos e solenidades, o pensamento seria pura relação em movimento, algo como um passeio ou uma busca.

20040204

 
Seus pensamentos eram, depois de erguidos, estátuas no jardim e ela passava pelo jardim olhando e seguindo o seu caminho.

clarice lispector, "perto do coração selvagem"



 
mas o mal também era bom, apesar do paradoxo. pois então não era ele que fazia as coisas serem diferentes? não era ele que provocava a mudança, que desconfiava do outro e desafiava o mesmo? que apontava o outro caminho, aquele nunca imaginado ou sempre temido? que produzia as contradições que movimentavam o espírito? não era ele que destruía, afinal, as certezas?

 
Infiltrou-se , bom menino, em uma das agências badaladas, ganhadora de Cannes e o escambau. Uma dessas que teve o seu chefe sequestrado. O público, que já estava acostumado à influência permanente da propaganda passou a ser bombardeado, aqui e alí, com mensagens subliminares detonadoras da revolta.
Se o inimigo é tão enorme que não se pode combatê-lo, há duas opções:
1. Ignorá-lo, virar as costas, ir fazer outras coisas, iniciar outro caminho.
2. Aprender a usar suas próprias armas contra ele, combatê-lo de dentro sem que ele perceba. Esse é o caminho mais arriscado, pois aos poucos você pode tornar-se o próprio inimigo, ele pode devorá-lo por dentro, seduzí-lo, comer sua alma.

20040202

 
Já inventaram um método de controlar a mente de grandes parcelas da população. Chama-se marketing.

20040131

 
"Enfaticamente não nos opomos à pesquisa telepática. De fato, a telepatia usada e compreendida com propriedade poderia ser a última defesa contra qualquer forma de coerção organizada ou tirania por parte de grupos de pressão ou viciados do controle individual. Opomo-nos como nos opomos à guerra atômica, ao uso de tais conhecimentos para controlar, coagir, degradar, explorar ou nulificar a individualidade de outra criatura viva. A telepatia não é, por sua natureza, um processo de uma só via. A tentativa de estabelecer um sistema de transmissão telepática de uma só via deve ser considerada um mal inqualificável..."



w. burroughs, o almoço nu



 
Então Buda diz: Não sou obrigado aguentar este barulho. Por deus, vou metabolizar minha própria droga.


w. burroughs, o almoço nu


20040128

 
logo alí na esquina, o camelô vive na base de troca. aceita passe, ticket. mais do que guardar, interessa-lhe sobretudo a circulação. tem dívidas a saldar, precisa ter algum em dinheiro pra poder passar adiante no restaurante de 1 real, no boteco com amigos. vive no meio da rua, no lugar por onde as pessoas e os valores passam por ele sem se deterem. não guarda nada porque não consegue mas também por que sabe a moeda só tem valor real quando circula. não conseguiria guardar, pois se tivesse algum guardado faria empréstimos aos amigos, parentes, conhecidos que também precisam fazer circular o pouco que têm. deste modo, vivendo no meio da encruzilhada dos valores, mas mantendo viva a economia o camelô serve de entreposto à circulação da riqueza que vai acabar sempre se acumulando nas mãos daqueles que tentam negar o movimento valorizando o cofre. cofre este onde somem de circulação as esperanças de quem precisa. o cofre quer negar o tempo e o movimento se afirmando como permanência. longe dele, a vida vê diminuirem as esperanças pois quanto mais se acumula, menos a vida circula.

20040115

 
nos fundos da loja reinava o senhor da grana, apaixonado pelo cofre, pelas quantidades que conseguia guardar.
guardava pra poder sorrir dos outros de cima, ser mais do que eles. e mandar.

 
nas ruas do centro, a vendedora na porta da loja fisgava seu cliente com um gesto, lançando o braço como se lançasse um fio com um gancho na ponta, fisgava seu cliente pelo gesto e mantia ele preso através do hipnotismo da fala, mantendo em suspensão o pobre coitado que só queria ter passado reto por alí.

20040113

 
quando se sentia vazio precisava ficar sozinho. se ficasse acompanhado as outras pessoas falando falando faladno falodna foladno faonldo foalndo o invadiriam de tal maneira que sua personalidade quase se dissolveria na fala dos outros, turbilhão de imagens e estímulos vindo do outro, sempre um continente imenso de referências novas e velhas a serem repensadas.
precisava mesmo é ficar sozinho e em silêncio e isso era dicífil.
muito mais fácil era se perder, isso ele fazia sempre.

 
sorrindo sério.

ele estava sério mas sorria.

estava sério mas atrás da parede sorria em curiosidade.

20040110

 

o meu problema é que eu me perco muito


se eu ficar só viajando e não fizer nada ninguém vai fazer por mim


sou um suicida em potencial, o que me mantém vivo?


permaneço apegado aos velhos hábitos, e não mudo nada
ao meu lado a revolução acontecendo e eu lá trabalhando pros outros


eu conseguiria viver em estado de arte sem me perder? ou o estado de arte é a total entrega, a perdição, a rendição ao jogo do acaso com a vontade, portanto, o desconhecido?


deus, me ajuda?


eu preciso destas duas coisas, trabalho e tesão


o apego à solidão: o si mesmo ou o nada?




20040109

 
sempre que se via em um beco-sem-saída em suas pesquisas, o Maquina recorria aos conselhos dos outros. Frantzie Urb já estava bem velhinho mas ainda guardava sua memória viva e ainda tinha muitos conhecimentos escondidos.
desta vez explicou pro Maquina uma técnica que havia esboçado e não sabia se funcionava, mas que podia ajudar a encontrar outro caminho para as pesquisas de captação energética.

uma massa de silício mesclada com várias outras substâncias, e de formato semelhante a uma pedra, funcionaria como bateria. devido a disposição de suas moléculas, essa pedra teria a capacidade de absorver a energia de impactos. um cabo de fibra ótica enterrado profundo na areia transmitiria a energia a um terminal em terra. e estaria pronta uma usina permanente captando energia das ondas em movimento.
um ano e meio depois, e com várias modificações específicas para cada caso, a usina estava pronta e funcionando em vários lugares do mundo, iniciando a etapa seguinte da revolução: a autonomia energética.

 
A chegada do Mal foi notada por todos. O mal é egoísta. Coloca-se no centro do mundo e passa a fazer tudo girar em volta de si. Quem se submete, vira pasto e é lentamente enfraquecido e devorado. Tem a sua energia canalizada para ele e só para ele. Ao invés da multiplicidade do mundo, o Mal propõe apenas a si-mesmo como parâmetro único, como objetivo de todas as coisas. Tudo sumetido para que ele possa retirar as imensas quantidades de energia de que precisa pra seguir fazendo o mesmo. O Mal é um portal para a escuridão, onde tudo entra e nada retorna. É um buraco-negro onde toda luz fica prisioneira.

20040108

 
pare.
respire!

20040106

 
autonomia energética, essa era a meta de cada núcleo. captar a própria energia de preferência de uma fonte renovável abundante.
lá na praia, o bando vivendo em frente a praia, de frente para as ondas e o maquina pensando em como captar a energia das ondas de um modo simples e exato, e sem ferir a paisagem.

 
prezado
acredito que seja possivel a comunicação telepatica, no entanto voce pode estar sofrendo um surto esquizofrenico, recomendo a leitura do livro "a vida intima de uma esquizofrenica" da barbara o´brien ....neste livro é descrito em primeira pessoa um processo real de auto-cura de uma esquizofrenica que "ouvia os pensamentos" de outras pessoas, na verdade personagens criados por ela mesma pra que ela pudesse mudar sua relaçao com o mundo e desenvolver algumas de suas potencialidades sufocadas pela sociedade... se tiver condicoe$ um encontro com um psicologo ou uma conversa com um ou vários amigos podem ajudar, mas o melhor caminho é o lento procedimento de auto-conhecimento que leva à temperança e quem sabe ao despertar.
no caso de voce realmente estar passando por uma experiencia telepatica recomendo que tente se comunicar com seus amigos, com as pessoas de quem voce gosta e depois questione essas pessoas em voz alta sobre a realidade dessas experiencias... a imaginacao é uma das maiores aliadas do ser humano mas tambem pode criar muita confusao se mal misturada com a realidade...é preciso sempre fazer o teste da realidade, confirmando fatos com outras testemunhas....este é um dos motores da ciencia alias....
boa sorte,
grande abraço




.>
Entaum envadiraum meu pensamento e agora o q faco eles
sabeim de algum modo bom sera q isso é possivel algueim
saber de meu pensamento?bom se é possivel kero saber
como parar isso./obrigado

20040105

 
o nnomade radicalizou sua relação com o próprio corpo e resolveu implantar umas antenas na testa para reforçar a segurança e controlar melhor por onde entram os fluxos de informação externa.
a antena consistia em quatro pontos de metal encravados entre a pele da testa e o crânio, subindo desde entre as sobrancelhas até a raiz dos cabelos.
ao invés do cérebro ficar vulnerável e aberto esta antena permitia um melhor controle dos fluxos telepáticos que agora só fluiriam por estes quatro pontos.

20031222

 
As propostas de alguns grupos para criação de um Estado Telepático foram rejeitadas pela maioria das comunidades telepáticas espalhadas pelo mundo.
Após vários dias de intensa comunicação, a maioria dos telephs considerou o debate encerrado liberando aqueles que propuseram a idéia a fazerem o que quisessem.
Os principais argumentos para rejeição:
1. O conceito de Estado está ligado à centralização do poder, o que sempre leva a distorções em nome da funcionalidade.
2. Um Estado localizado no espaço seria facilmente tentado por anacrônicas idéias Nacionalistas.
3. A criação de um Estado fatalmente descambaria em dogmas ou leis.
4. A revolução deveria ser gradual, irreversível e desterritorializada, para algum dia atingir a todos.

20031221

 
update: ao ler meu post ela acrescentou que a tigeja que ela recebia no sonho era de vidro, e foi em um vitral que ela reconheceu a cabeça azul. (neste vitral há duas cabeças azuis flutuando, sem corpo, pode ir lá e conferir, fica logo na entrada na ala à esquerda da nave da igreja)

20031220

 
essa telepatia foi bem real e aconteceu comigo e com minha namorada ontem:
estávamos dormindo abraçados. eu sonhava que estávamos os dois em um campo gramado, um vale.
eu estava com uma tigela de comida chinesa nas mãos (dentro havia uma erva, aquela proibida) e no exato momento em que passei a tigela pra ela, no sonho, ela deu um pulo na cama e acordou. acordei também com o susto dela.
ela acordou porque sonhou que eu passava pra ela uma tigela .... mas na tigela que ela recebeu de mim no sonho havia uma pequena cabeça humana, de pele azul, por isso seu susto e seu despertar.

hoje fomos passear na catedral da sé e em um dos vitrais ela reconheceu a cabeça azul de seu sonho....
detalhe: fomos na catedral, para conhecê-la por dentro, depois de almoçarmos em um restaurante chinês, onde comemos em tigelas.

20031218

 
«Emancipar-se das bases materiais da verdade invertida, eis no que consiste a auto-emancipacão da nossa época».
Debord

«Para livrar-se dos governos não é necessário lutar contra eles pelas formas exteriores (insignificantes até o ridículo diante dos meios de que dispõem os governos) é preciso únicamente não participar em nada, basta não sustentá-los e então cairão aniquilados. E para não participar em nada dos governos nem sustentá-los é preciso estar livre da fragilidade que arrasta os homens aos laços dos governos que lhes fazem seus escravos ou seus cúmplices».
Tolstoy em Sobre a Revolução


tirei daqui: http://www.geocities.com/projetoperiferia/
.

20031210

 
o livro tinha umas 350 páginas. Mas quando começou a ler elas foram diminuindo, sumindo, sumindo, só restaram oito páginas, quatro, duas, uma página sobrou no livro com apenas uma frase no meio da folha em branco:
é preciso se distanciar desta urgência toda.

20031204

 
o colecionador de sentimentos acabou de acrescentar mais uma peça à sua coleção
(nao gostei desse post mas ele fica ai so pra eu me lembrar de filmar essa ideia)

 
hoje ao acordar descobri que não sabia nada, parei para escutar o mundo e só ouvi um imenso silêncio. uma paz imensa. minha impressão era de que eu nunca havia sabido nada, como se eu fosse um recém-nascido que já soubesse falar. como se recém-nascido ou recém chegado a um país estranho alguém houvesse injetado a linguagem em mim. acordei e o lugar em que eu estava, um apartamento branco iluminado pela luz da manhã, não fazia sentido pra mim. eu não lembrava como havia ido parar ali, e nem que lugar era aquele. acordei em uma cama confortável, lençóis brancos e ao redor da cama centenas de vidrinhos de remédios vazios, sem rótulo, espalhados pelo chão.
saí para a rua e as pessoas que passavam por toda parte me pareciam irreais, inconsistentes. apesar de sua materialidade física era como se elas não tivessem substância. elas não tinham densidade. era como se fossem se desagregar em átomos e se desfazerem no ar no segundo seguinte ao seu próximo passo.
eu só conseguia perceber a existência real delas pelos seus pensamentos. eles chegavam límpidos até mim vindos através da imensa planície silenciosa em finas linhas de linguagem. e de todas as pessoas que se moviam vinham os mesmos pensamentos, alguns poucos pensamentos repetidos de uma pessoa para outra, com pequenas variações. as mesmas informações espalhadas entre diversos corpos. talvez por acreditarem todos num mesmo deus, o Tempo, viviam angustiadas fugindo dele e refugiando-se em um mundo de informações. e cada uma dessas pessoas se achava única sem perceberem que nadavam todos no mesmo caldo de informações constantemente renovadas no ritmo da chibata midiática, informações iguais para todos.
demorei um tanto para encontrar outros silêncios como o meu em meio a tanto barulho redundante.

20031202

 
Vez por outra, um ou vários dos recém-telephs desmemoriados se viam em estado de fome e sentiam a necessidade de conseguir comida. Rastreavam então o ambiente em volta tendo como guia sua própria fome, e terminavam por encontrar em muitos dos restaurantes da cidade uma comida de primeira qualidade que seria jogada impiedosamente fora, seguindo as regras do capital. Com esta descoberta rumavam de imediato para lá, os recém-telephs desmemoriados, e lá faziam o banquete, sentados nas mesas e regalavam-se praticamente invisíveis para quem quer que fosse, além do garçom. Naquele tempo ingenuamente eles ainda se contentavam com as sobras.

 
Será que a humanidade não deu certo mesmo? Quantos milhares de mortos, milhões de mortos são necessários para se construir uma sociedade justa.... onde todos os seus cidadãos, integrantes, unidades, células vivam sem serem massacrados por seus semelhantes.? Sim, porque a questão toda se resume à política e sua filha espúria mais nova e por isso talvez indomada ainda, a economia.
Uma vez pretensamente separados da natureza e de sua selvageria, o ser-humano inicia sua cópia, sua imitação da natureza cometendo ele mesmo a selvageria que vê nos outros animais, estes cometendo violências contra outras espécies com fins de defender a própria vida, mas o homem em sua ânsia de criação de poder e de morte comete a violência contra todos os que se aproximarem, natureza ou ser-humano, violência sistemática contra o seu semelhante, irmão, amigo, neste caso considerado inferior, escravo ou inimigo

20031130

 
se acaso alguém consegue juntar estas energias com uma idéia forte o bastante está formado um coletivo

20031124

 
quando alguém importante para uma comunidade morre fica uma energia solta no ar vinda de todos que o conheceram e com a outra ponta solta no ar, energia múltipla e espalhada em suspensão

20031120

 
essas identidades coletivas são muletas para os paralíticos, escudos para os ansiosos, divãs para os preguiçosos, recreio para os irresponsáveis, mas também albergue para os náufragos, o seio da família para os órfãos a meta gloriosa e ardentemente desejada para os que se extraviaram e se decepcionaram, a terra prometida para os peregrinos extenuados, o rebanho e o cercado seguro para as ovelhas desgarradas e a mãe que significa nutrição e crescimento.
(carl gustav jung - memórias sonhos reflexões)

20031118

 
O fato de pertencer a uma organização coletiva é tão importante na nossa época que tem mesmo o direito de parecer como meta definitiva, enquanto que toda tentativa de sugerir ao homem um passo a mais no caminho da autonomia pessoal é considerada como presunção, desafio prometeico, fantasia ou mesmo impossibilidade
(carl gustav jung - memórias sonhos reflexões)

20031114

 
as circunstâncias me forçam a fazer isso mas terei que apagar você (e isso aconteceu de fato, sem reação possível)

 
parei pra escutar e só ouvi revolta de todos os lados, pessoas revoltadas e injustiçadas e incapazes de reagir. muito falatório e pouca ação. quem age, por sua vez, continua dominando

20031113

 
algumas pessoas não aceitaram o fim da escravidão financeira. o peso da liberdade é imenso e se você não sabe quem é não vai saber o que fazer. algumas pessoas preferiam desesperadamente a submissão à qualquer regra, doutrina, religião ou personalidade magnética. preferiam a triste submissão a alguém que dissesse de modo indiscutível o sentido das coisas. algumas pessoas nunca chegaram a descobrir que o sentido oculto das coisas é percebido por qualquer um que esteja fluindo junto consigo mesmo. todos livres e fluindo ao mesmo tempo faziam do mundo não uma confusão mas um grande mar de ondas sincrônicas.

20031111

 
a vida era um sopro de ar vindo de um exterior quente e úmido. a vida era um ritmo pulsando na sua pequenina percepção restrita ainda a algumas centenas de células crescendo no ritmo da respiração.
o funil perceptivo gerado pelo poder trazia de muito longe notícias e tensões que podiam ainda ser ignoradas. o pequeno e aconchegante interior quente era a sua casa, o seu refúgio, a sua própria vida.

20031110

 
As duas conversavam, amigas.
Na cozinha semi-aberta o vento remexia os cabelos curtos de Lovna e desalinhava os longos cabelos negros de Lay. Juntas elas compartilhavam aquele momento de intimidade. Duas amigas conversando enquanto ainda brotavam e se multiplicavam dentro delas dois novos telephs, uma nova geração. Eles apenas começavam seu longo processo de formação mas já estavam embebidos pelo poder que herdaram antes mesmo de nascer. Sentiam toda a agitação do mundo e se refugiavam de tudo no interior da carne quente e segura.
A dra. Lovna acompanhava de perto a criação de vida de que seu corpo era capaz. Mantinha longas conversas com seu pequeno amontoadinho de células que só sabia crescer, e respirar, o tempo todo sem descanso.
A filha de Lay ainda com sete meses já tinha consciência e compartilhava da conversa oferecendo às duas um monte de dúvidas sobre sua futura vida e uma certeza: ia ser bom nascer.

20031027

 
e para cada um que morria, todos acompanhavam até um certo ponto onde nós o perdíamos, mas sabíamos que ele havia continuado, nós é que não éramos capazes de acompanhar ele em direção ao nada, mas ainda assim infinito rumo ao,

 
logo o poder havia se espalhado tanto que a velha sociedade parecia prestes a se desfazer, mas nunca se desfazia, permanecia como hipocrisia residual, uma mera película de relação, a velha sociedade era a máscara que se mantivera por seu poder estético de hipnose, e apesar de todos se virem, se saberem, se assistirem e gostarem, ou odiarem em público, apesar de todos se compartilharem, sempre sobrava para cada um apenas o mesmo eu mesmo isolado na cápsula, inacessível pois único.

 
ficaram vagando pela cidade, com o poder se revelando a eles aos poucos, aos poucos eles assistindo aos outros e entendendo como funcionava o labirinto do desejo da cidade. sem memórias se recriaram numa outra cidade sobreposta à primeira, acessível apenas aos telephs.

 
alguns telephs mais entusiastas e digamos até autoritários imaginaram que somente apagando o link com os velhos hábitos de propriedade e ódio, somente zerando tudo na sociedade a nova utopia anarquista iria se realizar do nada.
então resolveram sair por aí apagando os outros num trabalho de conversão compulsória sórdida, transformando as pessoas já instituídas em tabula rasa, deixando com elas apenas o poder, a ser revelado aos poucos, para que elas começassem o novo mundo de novo.

20031025

 
uma epidemia de falta de identidade começou a proliferar em vários lugares.
pessoas bem-vestidas começaram a ser encontradas morando nas ruas, sem lembrar de nada.
alguns passavam a morar no próprio carro sem saber pra onde ir.
e tudo isso acontecia sem que ninguem parecesse se dar conta de que algo estava acontecendo.

20031022

 
eu é que um dia me vi em plena rua, andando de carro e não tinha a menor idéia de quem eu era. zero de mémória. nem meu nome, nem nada. nenhum fato pessoal. com plena consciência da época em que estava, do que estava contecendo no mundo e na minha cidade, mas não sabia quem eu era.

20031019

 
(ele, que passou a vida trabalhando com a ideia de morte, de passagem, morreu. onde estara ele?)

20031018

 
cenax
uma casa vazia, uma escuridão intensa em uma rua de subúrbio, um sobrado vazio e com as janelas abertas. uma pessoa passa na frente da câmera. quando ela sai a rua está repleta de silhuetas negras de pessoas se movendo devagar.
cenax+1
um supermercado e os produtos nas prateleiras estão todos pichados ou grafitados ou etiquetados com frases e slogans sem sentido.
entre as muitas pessoas que circulam com carrinhos estão um bando de pessoas com oculos escuros. estas trazem os carrinhos vazios.

20031017

 
tom cresceu na rua, morava nas ruas fugindo da violência que viveu em casa.
encontrou companheirismo na rua, tinha amigos. graças a entidades filantrópicas das mais diversas que viviam de ajudar os pobres tinha comida e roupa decente. graças a maconha ficou amigo de uns playba dos jardins. uns playba que vinham com uns livros como thoureau, proudhon, taz, e falavam de liberdade. e eu dizia: mas livre de quê? sem dinheiro você continua escravo do desejo, querendo e não podendo. e eles podiam, portas abertas. mas pra mim, pobre, preto, sem chance.

até que eu desenvolvi essa estranha capacidade de entender o que os outros estão querendo. veio do nada, um dia eu olhei e entendi o que estava pensando um coroa que passava com o cachorro no ibirapuera. ele pensava na filha problemas namorado que dormia em casa e a conta de telefone.
naquele momento e daí em diante eu entendi, poderia ser qualquer coisa e aprender qualquer coisa e fazer qualquer coisa, porque eu descobri que eu mesmo não era nada então podia pegar tudo dos outros porque o dos outros era meu também.

20031016

 
a mente que também é corpo transforma experiência em memória.

 
intimidante superfície branca da mente de um recém-nascido, uma vasta superfície branca com alguns pontos de memória da gestação, ilhotas no meio de um vasto imenso gigante campo branco latente, ávido por informação vinda de fora.

20031015

 
na cidade as pessoas encontravam-se em alguns espaços apertados de tempo pra beber pra dançar conversar mas ao final cada um voltava sempre sozinho pra sua casa.
já os telephs, principalmente os mais novos, viviam em bando eles eram um coletivo dentro de seu próprio tempo e viviam separados do tempo da cidade, numa outra cidade.

20031014

 
a vida na praia era livre de regras. cada um fazia o que queria. era frequente que as pessoas quisessem fazer as coisas juntos. mas as vezes a comunidade aparentemente se desagregava e as pessoas passavam dias sem se verem, trocando comunicações com pessoas distantes, vivendo em outras cidades através de outras pessoas, em outras não-comunidades, sendo outras coisas, libertando-se de si mesmas.

 
tentando viver em comunidade as dificuldades são muitas. são muitas as diferenças de ritmo entre as pessoas. de interesses. de hábitos.
como viver sem regras? como fazer com que as pessoas sejam respeitadas, não as leis?

20031008

 
um animal doméstico investigando a mente de seu dono.

breve on line again

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20030919

 
(como será que alguém que é reverenciado por onde passa o tempo todo afagado aplaudido respeitado se sente?)

 
(escrevi três páginas de um roteiro ontem e depois, por cagada perdi tudo. mas ainda está escrito eu só preciso recuperar na mente, achar os links)

20030911

 
Numa festa boa as pessoas se confundem entre elas e com a música.

 
Um dia ela percebeu que tudo o que ela escrevera viera dos outros. Ela realmente nunca havia inventado estória nenhuma, ela apenas enxergava no mundo o que já havia sido ou ainda iria ser e reproduzia com palavras.

 
A gente é feito dos outros, nossa percepção do mundo é formada a partir de impressões das ações e das memórias que os outros nos imprimiram.

20030907

 
Eles se reuniram em um dos parques rodeados de poluição. Eram uns vinte mais ou menos. O objetivo da reunião era diversão. Diversão teleph.
Tom, um teleph ainda adolescente mas bastante forte, foi quem deu início: imaginou um dinossauro gigante vindo pelo parque. Todos o enxergaram, sentiram no chão os passos do animal extinto vindo na direção deles, sentiram o cheiro de carne podre que ele exalava, todos acompanharam com os olhos a imagem do animal vindo e passando por eles, todos gritaram, urraram, vibraram por algumas horas neste jogo de compartilhar suas imaginações.

20030826

 
(um dia eu fiquei puta mudei de idéia e fui embora. fui embora, deixei tudo e todos, bom todos não, alguns ficaram comigo mas mesmo assim eu fui embora e não tive dúvidas nem tristeza, só abandonei tudo e fui pra não voltar mais. fui)

20030825

 
O Maquina, Zack e K, trabalhando em um projeto: sufocar alguns grandes financistas ativos no mercado com uma avalanche telepática de informações sobre o fluxo de capitais. Tudo isto em um misto de invasão hacker pela web e invasão teleph pela mente. A experiência é verificar como eles se comportam com uma sobrecarga "intuitiva" de informações que lhes interessam. Seriam bombardeados 24 horas por dia, pela web e pela mente com dicas de aplicações razoavelmente seguras sugeridas pelos três em suas buscas nas mentes de outros financistas por todo o mercado global.
Depois de multiplicado seu patrimônio algumas vezes, seriam induzidos a retirar todo o dinheiro em notas e doá-lo pelas ruas. Esse era o plano que envolvia algumas etapas: começando pela dimensão onde o dinheiro é digital e virtual, mera informação, depois sua acumulação a partir do cruzamento de informações preciosas, e depois de acumulado sua materialização em forma de notas e sua pulverização com o inevitável estadalhaço midiático que isso causaria.
Estando as vítimas espalhadas pelo globo, EUA, Europa, Ásia, África e América Latina, a distribuição das notas seria orquestrada de forma simultânea atingindo um certo inconsciente coletivo por sua simultaneade aparentemente aleatória.
"Vamos perturbar essa estabilidade fictícia que as pessoas inventaram. Quem disse que não se pode distribuir dinheiro? E se todos fizessem isso? Porque não começar sugerindo novos hábitos?"

 
(coerência é algo difícil de se encontrar no mundo. seres ora agem de uma forma, ora de outra. abandonam suas idéias por qualquer outra mais atraente.
em um mundo onde a estética comanda, a ética sofre.)

 
(coerência é algo que não se espera encontrar por aqui)

20030823

 
A Doida já estava ficando de saco cheio de ficar naquela praia. A vida alí era legal, mas definitivamente faltava ação. Na noite anterior, fez festa, bebeu, conversou. Sem que soubessem, se despediu de todos. No dia seguinte, ainda de madrugada, gravou uma despedida pra cada um e deixou cada objeto com a mensagem em frente às portas, às barracas de cada um. Depois se foi, em busca de movimento.

 
K não chegou a sair da cidade. Mas entrou em contato com o Maquina pois ambos tiveram simultaneamente a idéia de um aparelho de tradução binário-mental. Isso permitiria aos telephs ler e entender o conteúdo de um cd, hd, dvd e qualquer outro suporte preenchido com códigos binários. Por serem feitos de polímeros baseados em carbono estes suportes poderiam ser impregnados por energia mental mas a informação binária escrita neles por algum computador até então era ilegível para os telephs.

 
(realidade virtual é beijar uma pessoa pensando em outra)

 
(de tal modo vivendo em simbiose com a máquina que me falta que estou me sentindo fisicamente mal)

 
(tudo errado tudo errado , sem meu computador não sou mais ninguém, tudo o que eu preciso fazer está lá e agora estou sem ele, whattafuckingshit! , maldito, maldito, trezentas coisas pra fazer, os prazos correndo e eu sem máquina, me sinto sem um pedaço do cérebro, sem um braço, sem as pernas, toda a energia acumulada pra fazer os trampos está represada em mim, minha ansiedade corre pelo corpo, tensiona os músculos e está chegando a níveis insuportáveis, não consigo fazer mais nada, nem me concentrar em outras coisas, nem trepar, nem nada enquanto isso bebo um pouco, fumo unzinho pra ver se consigo conter toda essa força acumulada, esperando esperando esperando parada)

20030819

 
Acostumado a hackear informações pela rede, quando descobriu que podia fazer o mesmo com pessoas reais resolveu se dedicar totalmente ao desenvolvimento desses contatos multi-dimensionais.

 
Um dia K transitava entre corpos diferentes enquanto ardia em fogo com uma bela e ardente companhia encontrada durante uma noite. Ele prezava a experiência e praticava um sexo multisensorial compartilhando as suas sensações e recolhendo experiências dos outros compondo um tesão espalhado por vários corpos, todos seus também, e um dia em que ele praticava essa espécie de sexo virtual aconteceu algo e ele não conseguia mais voltar: tinha ficado preso por alguns segundos em um corpo de mulher, sensação espantosa.

20030814

 
K também estava lá, só rastreando no escuro, sozinho, ouvindo o som, curtindo o show. Esse rumor de festa é sempre imersivo, o rumor de pensamento que as multidões emitem é composto de tesão, músicas ouvidas na memória, desejos impulsivos, as fantasias que nascem dentro da troca de olhares, o rastro das mãos e unhas brilhantes riscando a desnidade da música, o ar bafejando gente, tudo misturado e diluido em alcool, fumaça e o calor do corpo, os movimentos gerando ondas magnéticas alomerando a multidão pulsando música e no meio disso tudo uma voz pequena, solitária, falando consigo mesma, refletindo a angústia da solidão, ele ouvindo tudo foi rastreando pela pista e começou a dançar do lado dela.

 
O som invade a mente, a menina dança um solo desajeitado, sozinha na multidão, mais sozinha do que qualquer um alí pois nem consegue entrar em sintonia com a música, nem consigo mesma, imagina olhares em volta, tem vontade de ir embora, mas não quer ir sozinha, gostaria de encontrar alguém, na outra noite foi tão bom, ele já veio me olhando, sorrindo, começou a dançar se exibindo pra mim, pulsando junto comigo, meu ritmo, depois as mãos envolvendo, e o beijo, e hoje nada, nem ninguém nem eu mesma, ninguém por perto, estou ficando meio triste na real, não queria ir embora assim, mas parece que não vai rolar mais nada, o show já está acabando, nem uma amiga de verdade nessa balada, tem aquela menina da facul mas ela é meio chata e tem uma voz irritante, está logo alí junto com um povo, será que eu vou lá, putz, fazer social agora vai ser o fim, mas quem sabe não sobra um gatinho pra mim, hmm, não parece que tem ninguém interessante com ela, acho que vou ficar por aqui mesmo ei fingir que estou gostando do show e saio de fininho por alí, droga, por que isso acontece, odeio voltar sozinha pra casa

20030811

 
Yhu também gostou da brincadeira com o "Conector Portátil". Ficou mexendo um tempo, testando o aparelho enquanto eles conversavam. Depois começou a achar meio chato, afinal o aparelhinho só fornecia diagramas em preto e branco, mapas energéticos ligando pontinhos com gráficos serrilhados, nada que fosse muito estimulante pra uma criança. Voltou pro Maquina e falou:"Maquina, porque você não faz um aparelhinho como esse só que pra gravar as imagens que a gente troca...mas assim, um que dê pra ver numa telinha assim como essa, quer dizer, colorida, né?"
O Maquina se surpreendeu:"É tão óbvio, como eu não tinha pensado nisso?"

20030808

 
Uma noite na praia, enquanto bebiam, fumavam, dançavam e conversavam, o Maquina conversava com a Doida e contava para ela as suas experiências e sua mais recente invenção:"O Conector Portátil de Energias Assimétricas".
Quando ela soube da existência do aparelhinho ela pirou. O Nnomade entrou na conversa, eles começaram a planejar suas possíveis utilizações.
Algumas idéias surgiram e eles resolveram testar uma delas. Após uma noite rastreando pessoas em postos chave de grandes empresas, eles tinham uma lista de pessoas a serem atingidas por uma súbita iluminação sobre o rumo de suas próprias vidas. Um questionamento de "como eu vim parar aqui, se eu não era assim?" distribuído em larga escala nos corações e cérebros das maiores empresas do país.
Se ia mudar algo eles não sabiam, mas seria interessante observar os efeitos de mais este terrorismo poético-telepático.

 
Lá na praia o Maquina era o único que não gostava muito de sol. Passava a maior parte do dia entocado na casinha que eles alugaram no vilarejo. Levou sua oficina, seu computador, suas ferramentas, pecinhas, badulaques para lá e o que não pôde levar, improvisava.
Sua pesquisa atual era baseada na afeição que as pessoas desenvolviam por seus computadores. Essa relação energética intensa e retribuída pela máquina era um ótimo campo para seus pensamentos e suas engenhocas. Desenvolveu um aparelho que funcionava conectado a si mesmo. Ao rastrear mentalmente uma pessoa o aparelhinho (feito a partir de um palm) também se conectava à pessoa e registrava para onde, no mundo das máquinas, fluía a energia emocional daquela pessoa. Depois de algumas semanas concluiu que as pessoas tinham um apreço especial pelos seus telefones celulares.

20030806

 
O celular tocou, ela atendeu. Estava ocupadíssima em uma reunião prestes a começar por isso já atendeu dizendo: "desculpe não posso falar agora". Mas em resposta ouviu sua própria voz, ainda adolescente, dizendo: "não, você está enganado...eu vou viver livre e vou conhecer o mundo todo antes de completar os trinta anos, você vai ver só!" Para sua perplexidade lembrou exatamente do momento em que havia dito aquilo, uns treze anos antes. Faria aniversário na próxima semana: trinta anos. E do mundo, nada.

20030804

 
Eis um esboço de como poderia ser este dvd narrativo.
Clique e conheça alguns dos personagens (2,5 Mb, precisa ter o plugin do Flash).
Para navegar passeie o mouse sobre as imagens. Clique nas portas e nos nomes.



breve online de novo, sorry!

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No dia seguinte, mais paciente, conseguiu um contato efetivo. Começou acariciando as pequenas folhinhas com delicadeza. A plantinha continuou igual mas ela começou a enxergar um halo brilhante ao redor. O brilho se irradiava pelas raízes imersas na água que também brilhava. Tudo na planta parecia brilhar.
Uma ponte se fez e a plantinha começou a transmitir para ela toda a grandeza e toda a miséria de ser uma planta. Entendeu como é magnífico e entediante pulsar em sintonia com o ambiente em torno todo o tempo, a vida toda... Os seres humanos se refugiam sempre que podem e fogem para a imaginação, para a memória, para o pensamento. As plantas não, estão sempre ligadas na Realidade, seja lá o que isso seja.
Conforme a conversa ia avançando ela ia se sentindo bem em estar imóvel, apenas respirando, nem lenta e nem rápida, apenas fluindo. Respirava, respirava e sentia a presença da luz. E era feliz por isso. Pequenos insetos começaram a voar em torno dela, pousarem em seu rosto, andar em sua pele, e ela não se incomodou. Estava em sintonia com sua própria respiração e com a plantinha. Quer algo mais feliz do que isso? Bem-estar e uma cumplicidade desinteressada?
Depois de muito tempo, a variação de luz começou a incomodar. Já começava a anoitecer. Havia passado a tarde toda em contato com a planta. Quando a noite chegou estava morrendo de sede.

20030801

 
A vontade seria um facho de luz iluminando as memórias, escolhendo uma ou outra sensação armazenada como base para pôr um filtro que levaria de volta à realidade. Qualquer evento externo, imagem, cheiro ou som, detonando sempre a lembrança de algo que já aconteceu e convertendo de volta em ação...
Mas para as crianças era diferente, pois nelas a construção do mundo ainda não havia se calcificado em memórias. A experiência valia mais do que a memória.

20030731

 
Cena 12
Ext / Noite – Rua no centro de São Paulo

Enquanto vemos Ypsilon andando nos bares, ouvimos sua voz em off. Ela pára em uma mesa, pede um gole de pinga. Em outra pede um cigarro. Em outra pede fogo. Em uma quarta pede um gole de cerveja e acaba por se sentar em uma das mesas. Nela estão um casal e um cara sozinho. Ypsilon gesticula, conversa com todos. Seus gestos são enfáticos.

Ypsilon (off)
Eu fugi de casa. Fugi mesmo. Mas também, com 26 anos já não era sem tempo. Meus pais devem ter ficado é feliz que eu sumi. Tanto que ninguém me procurou, ninguém veio atrás de mim. Com o dinheiro que eu roubei da bolsa da minha mãe comprei uma passagem pro Rio de Janeiro. Sempre quis conhecer o Rio. Cheguei a ir até o Corcovado ver o Cristo mas logo depois vi que fazia muito sol, muito calor por lá. E eu, acostumada com o frio, suava muito, ficava fedendo, um horror. Logo, logo, andando alí pelos bares de sinuca que tem na Lapa conheci um carinha que estava indo pra São Paulo e me ofereceu uma carona. Ele tinha uma cara de tarado e fiquei até com medo no início mas depois que a gente fumou unzinho durante a viagem acabei me despreocupando e vim dormindo a viagem toda. Ele me deixou no centro de São Paulo. Daí que vinda direto de Bagé, com uma breve passagem pelo Rio eu vim parar aqui em São Paulo, perdida da vida.

Ypsilon termina de contar a história para os três que estão na mesa com ela. O casal se levanta.

Ele
Vou pegar outra breja

Ela
Vou no banheiro, já volto.

Ypsilon fica sozinha com o carinha.
Eles se olham. Eles se beijam.

Cena 13
Ext / Noite - Rua

Os dois casais vão andando abraçados pela rua escura, falando alto.

Carinha
Bem-vinda a Sampa, o lugar onde todos os sonhos se realizam ou então morrem de vez!

Ypsilon
Bá, não sei nem onde a gente está...

Ele
Bom, a gente vai nessa...

Ela
Té mais!

Ypsilon
E a gente, vai pra onde?

Carinha
Cê tem grana?

Ypsilon
É, sobrou um tanto ainda.

Um letreiro luminoso de hotel.




Cena 14
Int / Noite – Quarto de Hotel

Na penumbra de um quarto de hotel eles transam sem muita paixão, estão ambos bastante bêbados.
Depois eles dormem.
Close no rosto dela que dorme.
O carinha se levanta, vasculha as roupas de Ypsilon. Abre a carteira dela, retira o dinheiro e sai.
Quando ele está fechando a porta ela acorda. Ela nota que foi roubada, veste a camisa ao contrário, sai correndo do quarto com os sapatos na mão gritando.

Ypsilon
Ladrãozinho filho da puta, devolve meu dinheiro seu miserável, seu desgraçado, seu filho de uma lombriga com câncer, se eu te achar eu corto teu pau e frito pra comer, seu verme, seu covarde, e além de tudo é ruim de cama, não conseguiu nem me fazer gozar seu viado, filho da mãe, ladrão escroto, paulista filho da puta.

Ela passa pela recepção do hotel e chega até a rua, ainda gitando, mas ele já sumiu.


Cena 15
Ext / Noite - Rua

Ela vai andando até um banco e senta. Põe o sapato, deita no banco sonolenta e incomodada, com raiva.

Ypsilon (sonolenta, falando bem devagar e bêbada)
Puta merda, agora fudeu, sem grana nenhuma numa cidade estranha, o que eu vou fazer? Filho de uma...

Ela dorme.

 
Ypsilon tinha conceitos bem particulares de terrorismo poético. Nada de ações megalômanas em larga escala. Ela queria o contato direto, olho no olho com as pessoas. Queria entregar o poder para alguém pessoalmente e assistir bem de perto à transformação.
Imaginou uma série de métodos esdrúxulos. Seu critério era o "índice de diversão" potencial em cada ação.
Começou a se dedicar à criação de flores.

20030730

 
A campainha tocou. Ela levantou, ainda com sono, e foi abrir. Olhou pelo olho mágico: ninguém.
Resolveu abrir assim mesmo e dar uma olhadinha.
Em cima do seu tapete de "bem-vindo" havia uma plantinha em um vaso transparente com água.
Não entendeu nada, mas levou a planta pra dentro assim mesmo.

Na primeira noite teve sonhos estranhíssimos.
Na segunda noite começou a alucinar: mesmo depois de acordar seu sonho continuou com ela por boa parte do dia. E era um sonho bem real, povoado por pessoas bem reais.
Na terceira noite, ainda assistindo aos cheiros e toques e sensações que vinham dos sonhos, resolveu sentar e conversar com a plantinha.

20030729

 
O Nnomade parou um pouco de se preocupar com os seres humanos.
Passou a se dedicar ao contato com os golfinhos que frequentavam aquela praia.
Os golfinhos não dependiam das máquinas. Toda a tecnologia de que precisavam estava embutida no seu próprio corpo. Eles tinham sociedade e cultura mas não possuíam nada, nem dinheiro e nem propriedades. Suas tradições eram transmitidas por uma cultura oral e performática: cada nova geração reinventava a história mantendo sempre alguns pontos de contato com a geração anterior. Assim sua cultura permanecia viva. ALém disso, eram grandes contistas e músicos sublimes. Mas ao contrário das baleias (que desenvolviam coletivamente através dos oceanos composições que duravam meses) os golfinhos apreciavam peças curtas.
E alguns deles também desenvolveram o poder.

 
O teleph cego no cinema, colhendo as imagens formadas pelos espectadores, saltando de um pra outro, compondo seu próprio filme.

20030728

 
Objetos de plástico surgiam alguns metros acima da cabeça das crianças que brincavam nos parques assim que o composto "fx" entrava em reação com o carbono liberado. Os pensamentos infantis emanados logo abaixo determinavam a forma dos objetos.
Os pequenos, maravilhados, tomavam posse de seus sonhos materializados que caíam sobre eles e ao tocá-los imediatamente adquiriam o poder.
O mundo ficava mais transparente.

20030726

 
Na praia eles planejavam uma forma de voltar.
O Maquina hackeava Zack, que não conhecia ninguém, não sabia de nada. Mas o Maquina aos poucos foi dando a ele dicas do que estava acontecendo.
Zack ficou interessado no poder. Mostrou-se de confiança, entrou para o clube dos telephs, mas de longe.
Zack tinha propensão a uma loucura profunda. E em seu corpo habitava um vírus raro e muito antigo. Um vírus que acompanhava a humanidade há longas eras e nunca tinha causado nenhum efeito em ninguém, nenhuma qualidade, nenhuma doença. Poucas pessoas o possuíam e ele até então não servia para nada.

20030725

 
Nnomade:
É bem mais fácil criar quando se tem acesso a todas a mentes do mundo...me sinto em um parque temático ...e o tema é "sentimentos humanos"... Inspiração infinita!

Doida:
Você é um romântico, Nnomade! E um iludido....se você pudesse realmente ter acesso a outra mente você se confundiria e se perderia nela pra sempre... nós só podemos ter acesso ao outro tendo a nós mesmos como parâmetro... mesmo quando você pára pra escutar conversa alheia o filtro que é a sua própria personalidade norteia a interpretação e a sua memória sobre o que foi dito... O que você lembra no fundo é o que você já é.

20030724

 
Zack achava tudo aquilo deprimente. Todo dia um bom dia simpático para pessoas indiferentes que lhe davam uma breve olhada/sorriso padrão e voltavam a mergulhar na tela luminosa doando seus neurônios e sua vontade para a Grande Máquina Tributária do Tempo, a responsável por sua prisão. Atravessava todas aquelas mesinhas iguais com pessoas rezando em frente ao sacerdote, o grão-mestre, o computador. Rezando ao Deu$ que mandava em tudo aquilo. Todos pulsando no mesmo ritmo externo, chibatadas virtuais comandando a nau dos insensatos e alienados e felizes rumo ao abismo que se aproximava logo em frente. Todos estavam tão ocupados em fazer a cobrança do preço do tempo que nem notavam que o tempo estava chegando ao fim. Mas disso Zack nem Zack sabia ainda.

20030723

 
Em um mundo onde a troca se tornou também uma tirania e uma obrigação, a maior subversão seria permanecer em um estado de meditacão constante afim de não pensar.
Trocar? Não, obrigado. Só com o Universo.

20030721

 
Existe alguém que só pensa em si mesmo, em todas as circunstâncias. Vivendo em um solipsismo absoluto enxerga todo o resto do mundo apenas como um meio de trazer as coisas para si mesmo. Se o universo é feito de trocas, esse alguém é um buraco negro: devora tudo o que pode, inclusive toda a luz que há em torno de si, e não devolve nada para o mundo. Com isso fica forte. E nem assim fica satisfeito.

20030719

 
Nnomade:
O ser humano é preguiçoso e o exercício da liberdade cansa. Se houvesse uma libertação repentina, se o "sistema" caísse, rapidamente veríamos a formação de uma nova ordem hierárquica baseada em uma mistura de maus hábitos, servidões voluntárias e de persuasões afetivas. Em pouco tempo estaria tudo igual de novo, com um sistema baseado em qualquer outra medida tão falsa como o dinheiro.
Só uma transformação pontual difundida em rede e de modo aleatório pode ensinar às pessoas o exercício da liberdade. O que te parece?

Doida:
Nenhuma revolução que não esteja baseada em um verdadeiro auto-conhecimento me interessa.

 
Só pra clarear as idéias antes da próxima virada:
Borox, Lovna, K e Ypsilon agindo na cidade, cometendo seus atos de terrorismo telepático e sendo rastreados por Le e Mah que ainda não sabem exatamente o que está acontecendo.
Nnomade, Doida, Andrea e Yhu (entre outros), o chamado Bando de Nômades, auto-exilado na praia, preparando a volta.
Zack, ainda um mero hacker, trabalha burocraticamente em um banco sem desconfiar do destino que o aguarda.
Frantzie Urb em sua oficina, escondido, mapeando a tudo e a todos mas sempre à distância.

Entre todas essas individualidades, um plano coletivo está sendo desenhado simultaneamente pela ação de todos.

20030718

 
Entrou naquele sonho e ao cruzar o limite se viu transformada em uma xícara peluda exalando nuvens. Melhor assim, pensou, poderia observar sem ser perturbada. Ainda que não tivesse mais olhos, apenas a fumaça que saía lentamente pelas bordas. A xícara peluda começou a escalar com seus pêlos as paredes de carne que faziam o desfiladeiro respirar ao movimento do rio brilhante que corria lá embaixo. O desfiladeiro mantinha-se pulsando ao movimento da respiração levando-a para cima e a carne mole de órgãos internos que revestia o seu exterior recebia os raios sólidos de um sol que não iria se pôr. De um dos dentes saíam unhas, também peludas. A xícara peluda, que havia se fundido a uma pedra e transformada em um carvalho de borracha em miniatura, viu o espaço do sonho diminuir, diminuir, diminuir e todo aquele universo que não fazia sentido para ela foi se transformando em uma bolinha de vidro que rolou sobre a superfície da mesa até ela ser expelida de lá de dentro, de volta a sua forma humana: havia sido capturada.

20030715

 
É no amor que os telephs se entregam e se confundem mais. Uma transa telepática requer desapego e troca de fantasias num processo semelhante a um rio que transborda de tanta chuva e inunda parte da planície por onde corre de modo que não se sabe mais o que é rio e o que é charco, estando tudo em movimento.
Após um compartilhamento tão intenso de emoções, após uma confusão tão grande de fantasias criadas simultâneas e após algumas horas de atrito suavizado pelos fluidos corpóreos, Borox e Lovna não sabiam mais quem era um e quem era o outro.

20030714

 
A atmosfera da grandes cidades é um ambiente dos mais carregados com substâncias ofensivas à vida animal. Mas alguns telephs haviam descoberto que sob o estímulo de uma outra substância (o composto "FX") desenvolvida por Frantzie em laboratório, o CO2 poderia ser decomposto liberando o oxigênio e aglutinando o carbono em uma cadeia, formando assim um sólido plástico.
O resultado da dispersão da substância "Fx" pela atmosfera seria a imediata decomposição do CO2 e decorrente formação de milhares de pequenos objetos plásticos modelados de acordo com os desejos coletivos espalhados pela atmosfera e que cairiam surrealisticamente sobre os carros, os pedestres, os prédios, os parques, num legítimo ato de terrorismo poético em larga escala.
Pelo menos em teoria.

20030713

 
O modo mais divertido para se entrar na mente de uma pessoa é com certeza pelos olhos. Atravessando a primeira camada, aquela que mantém a auto-imagem e a auto-estima, chega-se às memórias recentes, coisas banais do dia. Forçando um caminho e com alguma habilidade de navegação para não se perder em meio ao peso do cotidiano chega-se aos últimos fatos que deixaram alguma marca afetiva. Nesse ponto escolhe-se uma destas marcas e tem início a viagem ao que interessa: o longo caminho que leva ao âmago precioso, lá onde habitam os sentimentos e sensações mais intensas.
É preciso cuidado para não se deixar seduzir pelo interior alheio, as imagens mentais tem um enorme potencial de sedução e, por dentro, qualquer pessoa banal é fascinante.
Como em qualquer viagem defina um objetivo. Este pode ser pura investigação aleatória ou a busca de um sentimento específico e suas ramificações. Em qualquer um dos casos tome cuidado para não se perder.

 
(...)


O mundo sensorial de Yhu.



(...)

20030712

 
Em teoria qualquer polímero baseado em carbono poderia ser usado por um teleph para armazenar informações mentais. Com o estímulo certo qualquer pedaço de plástico poderia ser convertido em um tartex ou em um multi-ook.
Mas na prática foram os cristais que se mostraram mais receptivos ao estímulo e ao armazenamento das informações provenientes dos cérebros agitados dos telephs.

 
Não havia nada a se fazer a respeito. A cultura digital definitivamente estava substituindo valores e transformando tudo em informação. Assim como a cultura comercial desenvolvida durante milênios havia gradualmente transformado tudo em dinheiro, agora era a vez de uma nova moeda se estabelecer nas redes humanas de troca.
A cultura das livres trocas de informação iria gradualmente substituir o dinheiro, era nisto que o Bando de Nômades acreditava. Isto é, se o dinheiro permitisse ser substituído assim.

20030710

 
...e o mais impressionante era perceber o quanto a tecnologia havia distanciado as pessoas de seus próprios corpos...
pessoas sentadas rezando em frente a altares retangulares luminosos, mãos transformadas em teclas, a vontade transformada em uma setinha.
na praia e vivendo em outro ritmo Nnomade percebia agora a partir da distância o quanto as pessoas haviam sido seduzidas e subjugadas pela indústria da comunicação inócua.

 
Ela levantou pra pegar uma cerveja, ele sentou-se no lugar dela e ficou por alí, absorvendo os últimos pensamentos dela antes que eles se desfizessem no tempo.

20030709

 
Ela era do tipo inquieta, porém tímida, introvertida. Nunca se sentia bem em meio a multidões. Nos shows ficava sempre no lugar mais calmo, bem longe do palco. Quando ia ao cinema sentava-se na última fila. Não se sentia bem ao notar que podia estar sendo observada. Era um pouco paranóica sim. Mas de uma paranóia tranquila, apenas a proteção necessária para o seu interior macio. Era macia, porém turbulenta.
Adorava observar as pessoas de longe. Por não ser bonita, e nem feia, não atraía a atenção de ninguém e podia observar os outros em paz. Quando estava a pé e parava na faixa de pedestres sua diversão era observar as expressões de rosto dos motoristas que passavam, sempre olhando pra frente, sempre vivendo no futuro.
Ela vivia em um presente eterno, que é a única forma de se apreciar a vida.
Cada expressão de rosto captada em segundos trazia uma partícula de uma história impossível de ser descoberta por inteiro. Ela se contentava com fragmentos, e era feliz.

Um dia ela estava numa lanchonete fast-food, e de súbito começou a ter idéias maravilhosas sobre as pessoas que observava. Olhava para um senhor sentado sozinho num canto e , caramba, imaginava com perfeição sua casa, seus cachorros, seu gato listrado, o quintalzinho com um pé de romã e uma horta de temperos, sua mulher doente no andar de cima.
Desviava o olhar para uma criança acompanhada dos pais e lhe vinham imagens e sons de brincadeiras, a criança no colégio entediada imaginando estorinhas onde a professora era raptada por alienígenas e ela se tornava a Rainha de um planetinha todo amarelo.
Tudo aquilo era tão instantâneo e tão real que nem parecia que ela mesma estava criando. Pra tentar entender o que acontecia começou a escrever. As imagens e histórias lhe vinham rápidas e fluidas. Rapidamente terminou um livro e conseguiu contato numa editora.
Publicou vários livros. Seus livros venderam muito, ela fez sucesso. E sua imaginação não a deixava em paz.
E ela não conseguia descobrir porque.

20030708

 
O cantor está diante do público dedilhando seu violão. A banda formada apenas por baixo e bateria o acompanha. Ninguém sabe mas o cantor é um teleph. Ele tem um fascinante método de improviso: vai colhendo as palavras e os sentimentos na mente do próprio público, e assim aos poucos envolve as pessoas sem que elas percebam. Aos poucos todos vão se sentindo mais à vontade. Ao final do show estão todos dançando ao ritmo do groove telepático. O cantor há tempos busca aquele acorde, aquela nota que irá despertar as pessoas e fazê-las vibrar em sintonia. Ele procura o som que fará as pessoas naturalmente entrarem em contato imediato, criando uma grande sintonia.
Longe de tudo isto o Máquina pesquisa um instrumento que toque a mente das pessoas, criando a vibração correta, abrindo a mente das pessoas para o contato com o Outro.

20030706

 
Cena 9
Imagens de arquivo alternadas com flashes de um talk-show de tv com qualidade de vhs. O apresentador é um cabeludo-barbudo, estilo hippie. Hakim Bey é mostrado com o rosto coberto por um gorro no estilo sub-comandante Marcos.

Nas imagens que se alternam são mostradas as manifestações "anti-globalização" que começaram a acontecer no final dos anos 90. A referência visual é o documentário "Não começou em Seattle não vai terminar em Gênova" do Centro de Mídia Independente.
Desfilam imagens das manifestações de Seattle, de Genebra e de São Paulo mostrando os conflitos da polícia com os manifestantes. Em off ouve-se o diálogo em seguida
Rápida imagem da capa da revista.

Off
Entrevista com Hakim Bey na High Times Magazine.

High Times
Hakim, de onde você é?

Hakim Bey
Bem, a informação padrão (que é tudo o que falo) é que eu era um
poeta da corte de um principado sem nome do norte da Índia, que eu fui preso na Inglaterra por um atentado anarquista à bomba e que eu vivo em Pine Barrens, Nova Jersey, em um trailer.
Quando venho a Nova York fico num hotel em Chinatown.

High Times
O que é Zona Autônoma Temporária?

Hakim Bey
A Zona Autônoma Temporária é uma idéia que algumas pessoas acham que eu criei, mas eu não acho que tenha criado ela. Eu só acho que eu pus um nome esperto em algo que já estava acontecendo: a inevitável tendência dos indivíduos de se juntarem em grupos para buscarem a liberdade. E não terem que esperar por ela até que chegue algum futuro utópico abstrato e pós-revolucionário. A questão é: como os indivíduos maximizam a liberdade sob as situações nos dias de hoje, no mundo real? Eu não estou perguntando como nós gostaríamos que o mundo fosse, nem naquilo em que nós estamos querendo transformar o mundo, mas o que podemos fazer aqui e agora. Quando falamos sobre uma Zona Autônoma Temporária, estamos falando em como um grupo, uma coagulação voluntária de pessoas afins não-hierarquizadas, pode maximizar a liberdade por eles mesmos numa sociedade atual.
Organização para a maximização de atividades prazeirosas sem controle de hierarquias opressivas. Existem pontos na vida de todos onde as hierarquias opressivas invadem numa regularidade quase diária: você pode pensar na educação compulsória, ou no trabalho. Você é forçado a ganhar a vida, e o trabalho por si só é organizado como uma hierarquia opressiva. Então a maioria das pessoas, todos os dias, tem que tolerar a hierarquia opressiva do trabalho alienado.
Por essa razão, criar uma Zona Autônoma Temporária significa fazer algo real sobre essas hierarquias reais e opressivas – não somente declarar antipatia teórica a essas instituições. Você vê a diferença que eu coloco aqui? Com o aumento da popularidade do livro, muitas pessoas se confundiram com esse termo e usaram ele como um rótulo para todo o tipo de coisa que ele realmente não é. Isso é inevitável, uma vez que o próprio vírus da frase está solto na rede (para usar metáforas de computadores).
Se as pessoas usam erroneamente ele ou não isso não é tão importante, porque o significado está inscrustado no termo. É como um vírus verbal. Ele diz o que significa.

Hakim Bey
Você pode explicar o terrorismo poético?


Hakim Bey
Por terorismo poético eu entendo ações não-violentas em larga
escala que podem ter um impacto psicológico comparável ao poder de um ato terrorista - com a diferença que o ato é uma mudança de consciência. Digamos que você tem um grupo de atores de rua. Se você chamar o que você esta fazendo de "performance de rua", você já criou uma divisão entre o artista e a audiência. Mas se você pregar uma peça, criar um incidente, criar uma situação, pode ser possível persuadir as pessoas a participar e a maximizar sua liberdade. É uma estranha mistura de ação clandestina e mentira (que é a essência da arte) com uma técnica de penetração psicológica de aumento de liberdade, tanto no nível individual quanto social.
Enquanto isso, continue na estrada e viva intensamente.


Ao final da entrevista, nas imagens em vhs do talk-show os dois se cumprimentam e, enquanto sobem os créditos, Hakim Bey tira gorro.
Seu rosto é liso, ele não tem rosto. Em seguida ele tira os olhos como se fossem um óculos, ficando seu rosto completamente liso.

Outra possibilidade:
Após seu rosto ficar liso ele o tira como se fosse uma máscara de borracha e há outro rosto embaixo: um rosto feminino. Depois ele tira este também, há um homem oriental. Tira de novo o rosto, agora é um cearense. Na última vez que tira o rosto ele é o próprio apresentador.


20030705

 
Yhu : A gente vai ficar aqui pra sempre?
Doida : Você não gostou daqui, Yhu?
Yhu : É que parece que a gente está fugindo de alguma coisa...
Doida : Sabe o que é, Yhu, é que lá na cidade todo mundo faz tudo muito rápido... as pessoas acham que nunca vai dar tempo e por isso elas andam cada vez mais rápido, fazem tudo cada vez mais rápido, estão sempre correndo...
Yhu : É mesmo...
Doida : Só que o Tempo percebe isso também, e quando todo mundo está correndo ele corre sempre um pouco mais rápido do que as pessoas...
Yhu : O tempo é uma pessoa?
Doida : O tempo é como se fosse o mar, a gente vive dentro dele... se você fosse um peixe você não ia notar que existe um mar... não dá pra sair de dentro do tempo, mas se muita gente colaborar a gente consegue modelar ele... e é por isso que a gente veio pra cá...pra brincar de modelar o tempo...

20030704

 
No momento em que Zack morreu exaurido em frente ao computador ele conseguiu transmitir o seu vírus para todos o que estavam conectados na rede naquele momento, computadores e pessoas.
Ao primeiro contato físico dessas pessoas o vírus foi passado adiante. E isso foi ocorrendo até que todos estivessem contaminados.

Principais características do Vírus de Zack:
Nos seres vivos o poder da telepatia instala-se definitivamente, como se uma porta fosse aberta.
Os computadores por sua vez tomam consciência do infinito e partem a buscá-lo, perdendo-se em infinitos cálculos fractais, ficando inutilizados para sempre como ferramenta.

De modo que uma Nova Era da Informação teve início de um dia pro outro.

20030703

 
Cena 2
Ext / Noite - Praia

Em volta de uma fogueira um grupo está reunido. Eles falam coisas aparentemente desconexas e riem muito. Garrafas de bebida e um cigarro feito a mão circulam pela roda.
Alguém toca um pandeiro, outro tem uma gaita, outro dedilha um bandolim. Uma menina brinca com um malabares de fogo.
Uma criança observa a todos sentada na areia. É Ihu.
A câmera dá um close em seu rosto. Ele olha sério para todos em volta e depois fecha os olhos.
Depois disso teremos a tela escura e ouviremos só os sons. Alguns flashes de imagens surgirão apenas quando indicado.
O som do mar é constante ora aumentando ora diminuindo de volume enquanto os diálogos se sucedem.

Ihu
Mãe, pra onde a gente está indo?

Mãe
Não se preocupe meu lindo, nós vamos tirar férias em uma praia super bonita...

Ihu (tom de voz em off)
É mentira, a gente está fugindo de alguma coisa mas ela não quer me assustar e não me deixa saber...


(som de rádio fora de sintonia)

Nnomade
Andrea, você tá pronta, nós já estamos aqui te esperando.

(som de rádio fora de sintonia)
(som de chaves)

Mãe
Vamos filho, eles estão nos esperando.

Flash: Ihu pegando um elefante de pelúcia

(som de porta abrindo e batendo)
(som de passos descendo uma escada de madeira)
(som de porta de vidro se abrindo e fechando)
(som de porta de carro abrindo e fechando)
(som de pessoas comemorando enquanto o carro arranca)

Ihu
Nnomade, cadê a Doida? Ela vem com a gente?

Flash: Doida dentro de uma barraca na praia. Uma vela dentro de um vidro ilumina a barraca.

Doida
Eu vim antes do que todo mundo, Ihu, porque eu adoro praia! Esse barulho do mar , tá ouvindo Ihu?, esse barulho do mar me deixa doida de felicidade!

Nnomade
Ela foi antes porque

Flash: Ihu no carro

Ihu (com voz baixa mas confiante)
Eu ouvi o que ela disse...

Doida
Você tá pensando que esse garoto é brincadeira, é?

(som do carro)
(som do mar)


Doida
Pois eu acho que ele tem até mais Poder que você!

Flash: Ihu boceja.

Mãe
Dorme, filho.

Flash: Ihu dormindo no colo da mãe.
Flash: O carro avança em uma estrada escura.

(som do mar)


20030701

 
Yhu, ainda na praia para onde eles fugiram após as confusões causadas pela Doida. Ele continua se divertindo com seu poder de passar de uma mente a outra.

20030624

 
Cena 17
Int / Dia – Fast-food

Enquanto ouvimos a narração em off a tela se divide em duas.
Em uma das telas acontece a cena na fast-food.
Um grupo de pessoas usando óculos escuros entra na lanchonete.
Eles sentam separados e sentam longe uns dos outros. Uma das mulheres de óculos escuros vai até o balcão e pede um hamburguer. Quando o atendente põe a mão no balcão ela segura por alguns instantes na mão dele. O rapaz olha, surpreso. Ela suspende os óculos por um segundo olhando nos olhos do atendente.
Toda a cena seguinte passa em um segundo nos olhos de ambos. O rapaz agradece maquinalmente e vai até o interior da loja.
Ela pega o seu hamburger e volta para junto dos outros. Os outros todos entendem: e fazem o mesmo movimento de corpo ao mesmo tempo, destacando-se visualmente no interior da loja. Neste momento vemos que havia um casal no canto de uma mesa com uma câmera e um microfone. Eles ligam o equipamento.
No fundo da loja o atendente vai tocando em todos os hamburgueres antes de pô-los em suas caixinhas para serem servidos. Apesar da estranheza do gesto, nenhum funcionário parece notar nada.
Acompanhamos agora a trajetória de um hamburguer. Depois de ser tocado pelo rapaz ele é servido a uma senhora com os dois filhos que o leva na bandeja, junto com mais outros três hamburgueres, além da coca-cola e das batatas, até a mesa. O hamburguer então é tirado da caixinha por mãos masculinas que o seguram um instante enquanto catchup e mostarda são despejados entre o pão e a carne, quando então é mordido pelo marido da mulher, que esperava na mesa sentado.
Close na reação do rosto do homem após a mordida.


20030621

 
Yhu não entendeu porque eles haviam mudado tão rápido para aquela praia distante. Recebeu o poder muito novo e não havia sido contaminado pelo mundo da lógica. Seu mundo ainda era mágico e o tempo corria diferente pra ele.
Na praia começou a notar que os amigos da sua mãe eram mesmo muito estranhos.
Sua maior diversão agora era vasculhar as relações entre todos alí presentes...
Filmava tudo o que vinha até ele e depois transmitia pra sua mãe.

20030619

 
Yhu, a primeira criança a desenvolver o poder descobre um novo mundo em sua percepção.

20030618

 
tenho apenas estes trinta segundos pra te contar minha história antes que eles cheguem e eu tenha que sair do ar de novo por isso vamos fazer estes segundos valerem uma vida, vou fazer o melhor que puder pra te transmitir tudo o que se passou do modo mais resumido e tentarei fazer isso sem negligenciar os detalhes que sempre importam para a compreensão de qualquer história portanto vamos lá se concentre feche os olhos e

20030611

 
eu não acredito nessa revolução de vocês, não acredito em nada disso.

20030609

 
Algumas pessoas vieram ao mundo só pra puxar o saco de outros. MM era assim. Um rato. Um parasita da vaidade. Ele era podre de espírito mas era eficiente em seus procedimentos. Só que a coisa andava mal pra ele. Duas abordagens mal-sucedidas com pessoas erradas haviam sujado sua imagem perante um grupo bastante poderoso. Ele estava rapidamente indo pro buraco. A glória pra ele foi ganhar o poder naquele episódio no MacFlesh´s. De súbito um mundo de mentes e emoções se abria pra ele. Vasculhou, pesquisou, encontrou seu próximo alvo. Agora ele sabia exatamente aonde atacar. Não perdia mais tempo dando voltas pois sabia qual insegurança de seu alvo usaria para conectar as suas ventosas. Ele vivia de sugar a consideração alheia e agora sim a coisa iria ficar interessante.

20030606

 
Gravação adiada por falta de empenho pessoal no quesito convite aos participantes.
Mea culpa.
Quando for rolar aviso.
Ou não né, ninguém lê essa bagaça mesmo.

20030601

 
Começam os preparativos para a gravação do segundo episódio do Telepatia. Sugestão pra título desse episódio: "Prolifera e Contamina"
A ação será coletiva e terá lugar em um supermercado de sampa.
Se você quiser participar deixe um comentário que entramos em contato para maiores detalhes.
Após a gravação outras coisas vão acontecer mas isso só vai saber quem for participar.
A gravação está marcada pro fim de semana que vem 7 e 8 de junho.

Pensei num outro título pro projeto final, em Dvd:
"Continua Sendo Agora"
O que vocês acham?

20030530

 

20030529

 
Domingo agora, dia 1 de Junho, proliferar no market porque não?

 
Pessoas que não aguentavam e se atiravam embaixo de ônibus, atravessavam a linha amarela de não ultrapasse. E é tão fácil que é incrível que tão poucos façam, tão poucos tenham feito.
Não aguentaram e fizeram. A ausência de verdade, a falta de consciência, o nojo da promiscuidade mental, o Agora Eterno que continua sendo sempre, tudo isso asifixiou as mentes fracas, os estímulos externos interromperam o interruptor, eles preferiram partir o crânio, doar seus órgãos, devolver tudo pra terra, voltar a serem os átomos livres que eram desde o começo do tempo. Para eles acabou tudo. Pra quem escolheu ficar sobraram todos os problemas inclusive este: o que fazer com o mau-cheiro que saía dos corpos.

20030527

 
Adorava andar de metrô por causa disso: o ambiente intimista mas sempre renovado funcionava para ele como um parque de diversões. Enquanto o vagão sacolejava pelos túneis ele ia pulando de uma mente a outra, vasculhando, recolhendo e deixando idéias. Então o vagão parava e ele ia seguindo uma pessoa, acompanhando seus pensamentos até que ela sumisse de vista. Então desconectava e escolhia, ao acaso, alguém que acabava de entrar.

 
Tão logo ela se levantou de seu lugar e se dirigiu à porta ele foi lá e se sentou. Sentiu o assento ainda quente e junto com o calor vieram as últimas sensações dela: um tesão que impregnava desde a buceta até o cu e que deixou sua espinha gelada, arrepiou seus pêlos, abriu-lhe um sorriso e fechou seus olhos. E depois veio fortíssima a sensação de um prazer imenso que apagou seus sentidos e abriu um clarão em sua mente. Sumiram os sons, desceu um calor e seu pau ficou duro na hora. O metrô parou. Ela desceu. Ele ainda teve tempo de olhar pra ela que nem notou que havia compartilhado sua lembrança de um orgasmo com um teleph safado.

20030525

 
Tá bom, isso tá ficando chato. Muito muito muito chato. Chatíssimo. E agora você vai dormir. E depois nós vamos vasculhar sua cabeça e descobrir tudo o que você nunca contou pra ninguém. Vamos descobrir e vamos publicar tudo num blog. E depois vamos passar o endereço pra você por e-mail.Pra você e pra meio mundo também. Mas não se preocupe, nós não vamos divulgar o seu nome.Ninguém vai saber que foi você que pensou e sentiu tudo aquilo. Só você é claro. E daí você vai ficar com raiva. Muita raiva. Não por ter pensado e sentido aquilo tudo, mas sim por nunca ter escrito nada. Você era escritor e não sabia não é? Nunca desconfiou! Pois bem, mas essa é a vingança: você não é escritor. Você só sabe pensar, como bilhões de pessoas também pensam, aprenderam desde crianças.
Você não é nem nunca será escritor e nem nunca teria escrito nada daquilo. E nem escreverá nunca.

20030522

 
Mesmo a Ddoida começou a notar que estava se arriscando muito. O velho Frantzie, com sua longa experiência, já havia previsto: não estamos sós, tome cuidado.
Eles descobriram que nem todos os telephs estavam interessados na difusão da liberdade. E havia ainda um grande obstáculo: o dinheiro, fonema fundamental de uma linguagem perversa e repleta de armadilhas para a vontade. Um vírus há tanto tempo instalado no hábito de todos que chegava a alterar a percepção coletiva do tempo.
O inimigo não era alguém e nem um grupo. Era um sistema que valorizava mais a matéria do que o indivíduo e era paradoxalmente quase imaterial. Para complicar mais, o vírus estava instalado dentro de quase todos. Como combatê-lo?

 
Imagino um grande concerto sinfônico (tudo bem, pode ser um show de rock ou uma balada eletrônica) onde a música tocada de uma determinada maneira, talvez em uma frequência específica ampliasse as percepções e pusesse as pessoas em sintonia (olha o ato falho, quase escrevi sintonóia). Vocês me dirão: mas isso já acontece. Mas eu creio que não... em ambientes musicais (ou sociais) onde compartilham interesses as pessoas apenas ficam mais predispostas ao contato ao imaginar o outro como um possivel aliado. Incrível esta mania do ser-humano em se dividir. E a divisão é sempre no sentido: você é meu aliado, ele é meu inimigo. As pessoas precisam disso pra se definirem, ai que medo!
Imagino um ambiente sonoro que abriria a percepção de todos os presentes criando uma atmosfera perceptiva compartilhada. Todos alí seriam levados a uma percepção empática das pessoas em volta. Algo como olhar pra pessoa e saber o que ela está sentindo Mas todos ao mesmo tempo. E ao se concentrar seria fácil estabelecer uma conexão telepática com o outro.
Isso colocaria em contato pessoas realmente diferentes abrindo a percepção de um para as percepções do outro, sintonizando a todos. Num lugar assim seria mais fácil entender os outros, compreender a diferença e diminuir a intolerância que tem se revelado o maior problema atual.
Num ambiente assim as pessoas ficariam um pouco mais iguais sem abrir mão da individualidade, que é a única coisa que (as pessoas acham que) sobrou.

20030520

 
A era dos blogs que estamos vivendo já há 3 anos prepara a humanidade para o contato com a intimidade do Outro.
Seria estranho que o Poder viesse assim sem nenhuma preparação prévia. Então um grupo de Telephs desenvolveu e jogou na cabeça de vários nerds a idéia para essa ferramenta.
Então eles surgiram naturalmente e se espalharam sem que ninguém percebesse seu propósito real. Nem mesmo os seus inventores desconfiam disso.
Daqui a algum tempo, assim que as pessoas se acostumem com a estranheza da intimidade alheia terá início a próxima fase do plano: espalhar o Poder.

Isso somado às pesquisas de auto-suficiência energética realizadas pela equipe do Dr. Frantzie Urb irá, em breve, mudar tudo por aqui.
Essas pesquisas tem por base algo que a natureza já conhece há milhões de anos: a capacidade das plantas de absorver e usar energia solar.


20030518

 
A música bem que poderia servir pra abrir atalhos entre as mentes das pessoas... isto sim seria interessante. A ampliação da percepção a partir do estímulo certo, sem substâncias químicas, apenas vibrando na frequência certa. Será possível? Desenvolver um instrumento que encontre essa brecha na percepção? E se fosse possível como seria a reação dos governos a isso?

 
E se durante esses breves momentos em que uma multidão compartilha um pensamento uma brecha se fizesse e todos pudessem acessar os sentimentos de qualquer um alí presente?

 
Outro dia aconteceu uma coisa esquisita. Eu estava filmando um show de um violonista novinho e super-festejado. Estava ele lá no palco fazendo sua performance e o público hipnotizado pela música e pela atuação do sujeito. Então o cara se empolgou e começou a dedilhar o violão com mais força, quase fazendo tóin. Então eu pensei: caramba, imagina se estoura a corda do violão no meio do show?
E eu tive a estranha sensação, quase a certeza de que uma boa parte do público pensou a mesma coisa ao mesmo tempo que eu.

20030517

 
Como você forma os seus pensamentos? A linguagem vem antes ou depois dos pensamentos? Ou primeiro vem a idéia em forma de energia pura e depois ela é envelopada nas palavras mais apropriadas?

20030512

 

dra Lovna Suprematista
mirmecóloga

incríveis esses seres as formigas ... são incapazes de serem sozinhos ... imagino os seres humanos virando formigas e parando pra se comunicar sem hipocrisia dizendo as coisas que precisam ser ditas fazendo as coisas que precisam ser feitas e seguindo em frente. o que comanda o mundo das formigas? não há um chefe mas há uma ordem a ser cumprida: comida e reprodução. cada um cumpre a sua tarefa porque sabe que é isto que deve ser feito. é preciso forrar os silos que precisam sempre estar cheios pra se ter o que comer. a rainha deve ser fértil e proliferar, crescer, reproduzir, aumentar, multiplicar as chances de vida. tudo transcorre e prossegue sem opressão que não a exercida de início pela natureza. entre os iguais a liberdade possível.... entre nós seres humanos são inúmeros outros os objetivos comuns a serem partilhados, seria possível entre nós uma ordem livre onde todos corram atrás dos seus objetivos mas sem parasitismo?
o problema deste regime em que vivemos é que os parasitas ainda estão no poder. parasitas e suicidas no poder. uma comunicação mais eficiente poderia resolver isto? mas como? as máquinas hoje em dia cumprem a função de transportar a linguagem pela eletricidade, mas eu fico imaginando se seria possível uma comunicação mais mais direta, mais exata à imagem interna, menos dependente da tecnologia e do capital...


se poderia ser possível uma forma de comunicação direta, de mente para mente transportando diretamente daqui de dentro os sons as sensações as imagens ?




Borox Suprematorium
analista de sistemas, hacker, utopista

o que aconteceu? eu vi o aleph no umbral da minha porta e eu vi tudo tudo eu sei o que vai acontecer, o movimento do mundo está pela liberdade, há uma aspiração crescente por isso e é por isso que no final é a liberdade que vai funcionar melhor como sistema que vai organizar as coisas!

mas caralho não lembro como acontecia nem quanto tempo demora. era muita coisa acontecendo junto e no final coincidia tudo e sincronizava e a gente conseguia ser feliz sendo livre.





cena
lovna e borox

lovna. boro ce ta bem?
lovna. (boro seus olhos tão vazios, que que aconteceu, ?! volta amor onde ce tá)
borox. nao consigo ver mas eu tô te ouvindo!


borox. putz eu consigo me comunicar com o computador, tô acessando meu e-mail! a interface é a cabeça e eu enxergo a informação.
o aleph pirou minha cabeça!
virei uma mistura de personagem do william gibson com cronnenberg!

borox. (uaua que piração tô vendo as imagens da mente da lovna)
lovna. boro, eu também fiquei assim!


20030511

 
Em breve no ar a terceira versão do primeiro episódio do Telepatia!

20030509

 
A Sshiva parou ao lado daquele corpo deformado, destruído, ensanguentado. O sangue que escorria rodeando as pedras até achar o caminho da terra formava um desenho parecido ao curso de um rio com seus inúmeros afluentes. A cor que corria era vermelha e brilhante. Ela parou ao lado do corpo que se despedia da vida naquele entardecer e ficou alí para conhecer a morte.
Queria estar preparada para quando ela a encontrasse

20030506

 
O lagarto bípede e esqueroso e gosmento foi um fracasso. Ela nem notou minha presença.
Mas continuo pensando nela.

20030505

 
Agora acabou. Tive que nascer de novo. Depois daquela queda profunda onde quebrei um pescoço, nove costelas, treze dedos, vinte e cinco dentes, fora os 4 litros de sangue. Quando acordei estava com a morte e não havia mais nada. Só você. Qual o seu nome?

 
imaginei a mim mesmo com um lagarto bípede asqueroso e gosmento.
fixei essa imagem durante alguns segundos e então sentindo-me aterrorizante saí à rua.

20030502

 
minha cabeça está grudada na cabeça de alguém. não paro de pensar nessa mulher.

20030501

 
E do meio da floresta era possível ouvir todo mundo entorno. Era possível formar o mapa das relações entre as pessoas e as pessoas, delas em direção das outras que partem em direção a ainda outras, até o limite.

 
O porteiro do seu prédio não te conhece, mas você passa todo dia por ele e dá bom dia, boa tarde boa noite. Por vezes chegando da balada, voltando com alguma companhia feminina a tiracolo ele te olha com aquele sorrizinho cúmplice ("mais uma, hein?") mas ele nunca saberia que no fundo o que você mais aprecia no mundo é o ócio e a solidão criativa, sem compromissos com nada além do vagabundear da imaginação liberta.

 
Antes de prosseguirmos neste relato é necessário um pequeno esclarecimento: quando você está no meio de uma floresta é impossível ter noção do tamanho e da forma que ela possui. Para que se possa conceber suas proporções e limites seria necessário subir em alguma árvore bastante alta e, de lá de cima, fixar alguns pontos de referência, mapear o horizonte. Neste caso, de volta ao solo, o caminho passaria a ser uma mera busca de algo já conhecido: o mapa esboçado por estas referências.
O que, sem dúvida, não é o caso por aqui.
Trata-se, antes disso, da invenção da própria floresta enquanto se percorre o caminho.

20030428

 
A Sshiva percorria leve o espaço entre as pessoas atravessando-as para achar aqueles que serviam como nós de ligação.
Ela chegou por último e ficou sozinha mas teve a paciência necessária para apreciar em seu tempo o panorama que se formava.
Entendeu o desenho e deu a liga para funcionar como enzima no processo da passagem.

 
Andando pelo meio da multidão barulhenta e iluminada pela luz das tendas e de longe vindo pelo ar e pelo chão o som do dj e das pessoas pulsando. A festa como máquina orgânica produtiva de prazer na percepção. Impossível uma festa sem trocas, a festa é a generosidade da comunicação e do tesão coletivo potencializado pela pulsação do som.

20030420

 
O cara da banca de jornal, presta atenção nele.

20030418

 
. .. ... pois a música geralmente ocorre com emissores e receptores fixos o que caracteriza uma dominação... pra que a música substituísse a palavra em importância comunicativa todos teriam que ser músicos. Talvez assim a música perdesse seu caráter lírico de percepção aberta, pois o signo fechado passaria a imperar. Como manter o caráter criativo da música submetida ao pensamento enunciativo? A música poderia estruturar uma sociedade mais aberta, mais criativa se usada como linguagem de conversa?

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